Produtores discutem desafios e oportunidades na 2ª Feira Maranhense de Agricultura Familiar

Aos 31 anos, Leidiane dos Santos vive os desafios da agricultura familiar no Maranhão. Moradora de uma comunidade no interior do estado, ela integra o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu. Durante a roda de conversa promovida pela Secretaria de Agricultura Familiar (SAF), Leidiane destacou um obstáculo recorrente enfrentado pelos produtores rurais: o difícil acesso ao crédito.
“Sem financiamento, fica difícil fazer a produção crescer. A cooperativa enfrenta barreiras para acessar os recursos dos bancos, mesmo com tantas opções que dizem estar disponíveis”, desabafou. Essa dificuldade, enfrentada por Leidiane e pela cooperativa da qual faz parte, ecoa entre muitos outros produtores maranhenses. A roda de conversa, realizada no âmbito da 2ª edição da Feira Maranhense de Agricultura Familiar, reuniu cooperativas, instituições financeiras e gestores públicos para debater soluções.
Diálogo entre governo, produtores e instituições financeiras
Logo no início do evento, o secretário de Agricultura Familiar, Bira do Pindaré, enfatizou o compromisso do governo estadual com o fortalecimento da agricultura familiar. “O Maranhão está dialogando com o BNDES e instituições financeiras locais, buscando caminhos para direcionar recursos aos diferentes nichos do setor. Temos total interesse e disposição para contribuir com o crescimento da agricultura familiar no estado”, afirmou.
Participação ampla e debates estratégicos
Célia Watanabe, secretária-adjunta da SERIDF, representou a secretaria no evento e contribuiu para a mediação do diálogo, destacando a relevância de iniciativas como essa para garantir que as demandas dos pequenos e médios produtores sejam ouvidas e atendidas. Estiveram presentes representantes de nove cooperativas e uma federação, além de instituições como Agerp, Unicafes, BNDES, Banco da Amazônia, Banco do Nordeste, Banco do Brasil e Caixa. Durante o diálogo, Dannyel Assis, assessor da Diretoria de Crédito Digital para MPME do BNDES, ressaltou que os produtores e cooperativas do Maranhão ainda acessam muito pouco dos recursos disponíveis.
“O BNDES dispõe de crédito para investimento na agricultura familiar, especialmente para cooperativas. O Plano Safra, por exemplo, tem ampliado os itens que permitem a concessão de crédito por meio dos bancos parceiros. É preciso que esses recursos cheguem ao estado”, pontuou Dannyel. Outros temas discutidos na roda de conversa incluíram a importância de promover circuitos de feiras regionais e locais como estratégias para dar visibilidade ao trabalho dos pequenos produtores, e a necessidade de análises territoriais detalhadas para evitar impactos negativos ao meio ambiente, como o desmatamento.
Compromissos firmados
Como resultado do evento, a SAF e as instituições presentes firmaram um pacto para a realização de capacitações em gestão e organização de cooperativas. A formação será voltada para habilitar produtores a acessar financiamentos e, assim, promover o desenvolvimento sustentável de suas atividades. A SERIDF reiterou seu compromisso em apoiar articulações entre órgãos estaduais e instituições nacionais, destacando a importância do protagonismo da SAF no enfrentamento da pobreza e da fome no estado.
A Feira Maranhense de Agricultura Familiar segue como um espaço de diálogo, aprendizado e fortalecimento do setor, mostrando que a união de esforços pode transformar desafios em oportunidades para quem vive e trabalha no campo.